quarta-feira, 4 de maio de 2016

Europa 2015/2016 - Dia 5 - Londres

24/12/15



Hoje o dia foi um dos mais inesquecíveis e inacreditáveis da minha vida.

Bem cedo, depois de tomarmos café no hotel, pegamos um taxi, fomos até a Liverpool Coach Station e pegamos um ônibus de volta pra Londres. Depois de uma viagem cansativa naquele ônibus, de 5 horas, com direito a uma luta no banheiro pra não me molhar toda (o ônibus praticamente flutua a viagem toda e BEM NO MEIO do xixi ele resolve passar numa CRATERA LUNAR), chegamos a Londres.

Voltamos ao mesmo hotel em que estávamos hospedados antes (onde deixamos nossas malas) e fizemos novo check-in. E quando fui pegar alguma coisa na bolsa, o burrito gigante escapuliu e se espatifou no chão, bem no meio da recepção! Lá se foi metade do nosso almoço...

Durante o check-in, a atendente nos alertou para algo que eu realmente não estava esperando: o metrô de Londres não vai funcionar amanhã, no Natal. Ela também disse que o transporte público é praticamente inexistente nesse dia. Fiquei chocada! Nunca imaginei que o metrô de uma das maiores cidades do mundo pararia num feriado. Então, fica a dica pra quem vai a Londres nessa época: não conte com o metrô no Natal.

Então, com essa notícia, mudamos nossa programação para o dia. Trocamos o roteiro de hoje pelo roteiro de amanhã, deixando para amanhã as atrações mais próximas do hotel, sem a necessidade de usar o metrô. Deixamos nossas coisas no quarto e saímos para começar o dia.

Primeira parada: Abbey Road. Claro, como ir a Londres e não conhecer a faixa de pedestres mais famosa do mundo? Como quase todo mundo sabe, a Abbey Road foi cenário da capa de um dos álbuns dos Beatles:


Abbey Road Beatles.

O que eu não imaginava é que seria tão difícil tirar a bendita foto. É claro que eu sabia que haveria muita gente lá, mas eu pensava que a rua era calma, com pouco movimento de carros. Muito pelo contrário, a toda hora passava carros, o que atrasava mais ainda as fotos de todo mundo, porque as fotos tinham que ser sem carros ao fundo. E aí quando alguém ia atravessar, ninguém mais podia. Ah, e também tinha que ser do lado certo, da esquerda pra direita. Hahahahhaha

Ficamos um bom tempo lá tentando tirar fotos, com direito até a cagada de passarinho no Gabriel, e nenhuma ficou como a da capa, estava muito difícil pegar o ângulo certo. Mas é claro que valeu a experiência!


Abbey Road

Abbey Road.

Abbey Road.

Abbey Road Beatles.

Abbey Road.

Abbey Road.

Depois fomos ver, de fora, o famoso estúdio, considerado por muitos O mais famoso do mundo. Aproveitei que o portão estava aberto e fui lá pertinho. Ali os Beatles gravaram muitas de suas músicas. Vários outros artistas também passaram por ali, como Pink Floyd (Dark Side Of The Moon foi todo gravado nesse estúdio), Oasis, Iron Maiden, Adele, Foo Fighters, Michael Jackson e muitos outros.


Abbey Road Studios.

Depois seguimos para o próximo destino do roteiro, a casa do Paul McCartney, em Londres. Paul comprou essa casa em 1965, ainda na época dos Beatles, e o endereço ficou conhecido por todo mundo: 7 Cavendish Avenue, St John's Wood.

É claro que eu coloquei isso no roteiro, não podia sair de Londres sem ver a casa dele. Até gravei o caminho mentalmente: seguir pela Abbey Road, no sentido oposto ao da capa do disco, pegar a primeira à esquerda, na Circus Road, e depois a segunda à direita, na Cavendish Avenue. Muito fácil. Então lá fomos nós.

Assim que chegamos à rua, parei pra tirar fotos da placa e da rua do Paul:


Cavendish Avenue.

Cavendish Avenue.

Nesse momento, lembrei de algo que comentei com Gabriel, há muito tempo, quando ainda estava planejando a viagem. Quando estava fazendo o roteiro, pensei e falei com ele, de brincadeira: “vamos à casa do Paul no Natal, imagine se ele for passar o Natal em família, na principal casa dele, e ele resolve sair de casa para dar uma caminhada na vizinhança bem na hora em que estivermos lá?”. O que não podia imaginar, naquele momento, é que, incrivelmente, algo parecido com isso iria realmente acontecer.

Com essa lembrança na cabeça, virei para o Gabriel, que estava à minha esquerda, para falar, brincando: “pronto, já estamos na rua dele, agora é só prestar atenção nos carrões que passarem e vai que a gente vê ele”. Quando eu estava prestes a falar isso, passou um carro, à nossa esquerda, e nós dois viramos para olhar, ao mesmo tempo. E naquele exato momento, vimos. Aquele rosto familiar, inconfundível, era ele, sem sombra de dúvidas. Paul McCartney estava no carro do nosso lado, chegando em casa, e nós estávamos ali.

Instantaneamente, meu coração congelou. Gabriel virou pra mim, surpreso, e falamos juntos: é o Paul!!!!! Sem pensar duas vezes, começamos a correr na calçada, atrás do carro. Gabriel foi na frente, eu fiquei meio sem ação, paralisada, mas logo consegui alcança-lo. Por sorte, a casa dele é bem no começo da rua, então logo alcançamos o carro. Ele abriu o portão automático e começou a entrar. Eu e Gabriel ficamos ali, do lado dele, acenando e chamando (não chegamos a gritar, nessa hora, pra não parecer maníacos hahahaha), com a esperança de que ele nos visse e acenasse de volta. Não consigo nem explicar o que estava acontecendo comigo naquele momento, eu estava surtando. Aquela cena era tão surreal e improvável que eu não conseguia acreditar. Dor no coração, no estômago, todos os músculos do corpo contraídos ao mesmo tempo! Hahahahaha

Ele entrou na garagem e começou a manobrar, enquanto o portão começava a fechar. Vimos que a mulher dele estava com ele. Continuei acenando e chamando, enquanto Gabriel tentava tirar algumas fotos. Então, quando o carro estava virado de frente para nós, ele nos viu e acenou de volta. O portão fechou e comecei a gritar: “Merry Christmas, Paul” e “I love you, Paul”, espaçadamente, e esperando uma resposta. Quando ouvimos a porta do carro batendo, Gabriel falou: grita agora! Gritei “Merry Christmas”, esperei e ele respondeu: “Merry Christmas!”. Uhuuuullll, Paul falou com a gente! Hahahahahaha

Acabei chorando um pouquinho (mentira, um poucão). Eu sei, isso é bem ridículo, essa histeria com artistas, eu confesso. Mas é um sentimento que não dá pra explicar. Imagina encontrar o artista que você mais admira chegando em casa e ele ainda fala com você, qual seria sua reação? No mínimo uma emoçãozinha, vai, confessa, quem sabe uma lágrima. Hahahaha

Ah, aí vão as fotos que conseguimos tirar. Pena que não dá pra vê-lo dentro do carro, por causa do reflexo dos vidros. O que dá pra ver bem é minha cara de bolacha, chorosa e com olhos vermelhos.

Casa do Paul.

Casa do Paul.

Casa do Paul.

Casa do Paul.

Casa do Paul.

Enquanto estávamos lá fora, eu chorando e Gabriel rindo da minha cara, um homem passou, viu e ficou parado, olhando pra gente e para a casa. Deve ter achado que eu era louca, mas tô nem aí, tava tão feliz que minha vontade era de contar pra ele que tinha visto o Paul e dar um abraço coletivo de Feliz Natal. Hahahahah

Voltamos pelo mesmo lado em que viemos. Eu literalmente saltitei na rua, de tão abobada. Quando passamos de volta pela Abbey Road, a minha vontade era de gritar: "Aê, galera, acabei de ver o Paul, valeu, beijos, modafocas!" Hahahahaha Quando a histeria inicial passou, logo depois, senti uma dor de estômago bem forte, que nunca havia sentido antes.

No caminho, parei pra pensar: acho que o universo conspirou para que “encontrássemos” o Paul hoje. Isso não teria acontecido:


  • Se o metrô de Londres funcionasse no dia 25. Trocamos o roteiro dos dias 24 e 25 por causa disso.
  • Se não tivéssemos alterado a ordem das atrações do dia. Gabriel sugeriu que mudássemos a ordem das atrações, não sei por quê.
  • Se tivéssemos ficado 1 minuto a mais na Abbey Road.
  • Se não tivéssemos olhado para a esquerda no instante em que o carro passou.
  • Se não fosse o Paul, e sim a mulher dele dirigindo, ou se o carro não fosse inglês, com motorista à direita.
  • Se a casa dele fosse mais ao final da rua, não teríamos alcançado o carro a tempo, antes dele entrar em casa.

Pensamos: ninguém vai acreditar na gente! Ele não apareceu em nenhuma foto, é a nossa história somente. Mas está aí, para quem quiser acreditar! =D

Fomos para a próxima atração, o museu do Sherlock Holmes. Porém, como era véspera de Natal, fechava mais cedo, às 16:00h (eu ainda mandei e-mail para lá quando estava planejando a viagem, para saber se havia algum horário especial de Natal, mas eles responderam falando que o horário estava no site, o qual não faz essa distinção de feriados). Mas sem problemas, deixamos para voltar lá no último dia em Londres, daria tempo.

Pegamos o metrô e fomos dar uma volta em Notting Hill. Quis conhecer um pouco esse bairro, que ouvi dizer que é muito charmoso.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a área de Notting Hill recebeu muitos imigrantes vindos do Caribe e da África. Foi nesse bairro que ocorreram os primeiros conflitos raciais de Londres, em agosto de 1958. No ano seguinte, esses imigrantes fizeram a primeira edição do Carnaval de Notting Hill, considerado atualmente o maior festival de rua da Europa (possivelmente o segundo maior do mundo, atrás do do Rio, é claro), atraindo cerca de 1 milhão de pessoas no último final de semana de agosto de cada ano.

Hoje Notting Hill é uma área nobre de Londres, em que o preço das casas costuma ser de 7 dígitos pra cima. Quando chegamos lá já estava escurecendo, muitas lojas fechando (véspera de Natal) e não conseguimos conhecer muita coisa, infelizmente, mas valeu a ida! O movimento estava pequeno, muitas ruas já desertas. Vimos o Coronet Cinema, onde o personagem de Hugh Grant assiste ao filme estrelado pela personagem de Julia Roberts em “Um Lugar Chamado Notting Hill”, e passamos pela Portobello Road, famosa rua que abriga uma movimentada feira de antiguidades, aos sábados. Gostaria muito de conhecer essa feira, mas vai ficar para a próxima.


Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Notting Hill.

Ficamos em dúvida para onde iríamos em seguida, já que corria o risco de tudo estar fechando, por ser véspera de Natal. Dei a ideia de irmos à Tower Bridge, queria muito vê-la à noite. Pegamos o metrô, saltamos na London Tower e fomos andando. Fomos até o Tower Millennium Pier, um píer em frente à London Tower, e já conseguimos vê-la, ela, a ponte mais linda do mundo, ainda mais encantadora iluminada!


Tower Millennium Pier.

Tower Millennium Pier.

Tower Millennium Pier.

Tower Millennium Pier.

Atravessamos a Tower Bridge, babei mais um monte com a beleza da ponte (incansável de se olhar) e seguimos para o London Bridge Christmas Market, onde fomos no primeiro dia em Londres. Comemos um yakisoba ouvindo as músicas natalinas da feira, apreciando a vista e tentando nos aquecer debaixo de uma tenda da feira.


Tower Bridge.

Tower Bridge.

Tower Bridge.

London Bridge Christmas Market.

London Bridge Christmas Market.

London Bridge Christmas Market.

Na ida para o metrô, para voltarmos ao hotel, demos a sorte de encontrar uma loja de bebidas aberta, que estava prestes a fechar. Escolhemos um Malbec argentino para tomarmos no hotel. Na hora de pagar, o atendente fez um comentário do tipo “e aí, aproveitando a cidade?”. Não me contive e tive que dizer: “Muito, hoje até vimos o Paul McCartney, acredita?”. Hahahahaha

Chegamos ao hotel, cansados e felizes, e tomamos nosso vinho, em copos plásticos, comendo Twix. Feliz Natal!!! =D


Vinho no hotel.